Depois da tragédia ocorrida em Brumadinho (MG) na última
sexta-feira, com pelo menos 65 mortos e 292 desaparecidos, a questão da
segurança em barragens passou a virar o foco das atenções. E no Paraná, o
cenário apresentado pela Agência Nacional de Águas (ANA) em seu mais recente
relatório, divulgado em novembro de 2018, não é dos mais animadores.
De acordo com o Relatório de Segurança de Barragens, que
traz dados referentes ao ano de 2017, o Paraná conta com 450 barragens para
diferentes finalidades, como acúmulo de água, de rejeitos de minérios ou
industriais e para geração de energia — a ANA, contudo, estima que o número de
represamentos artificiais espalhados pelo País seja pelo menos três vezes maior
que os dados oficiais, uma vez que não são todos os órgãos e entidades
fiscalizadoras que cadastraram as barragens sob sua jurisdição.
Ainda assim, apenas com relação aos barramentos oficialmente
cadastrados, temos que 11 são classificados como apresentando alto risco, 30 de
médio risco e 63, baixo risco. A categoria de risco refere-se a espectos da
própria barragem que possam influenciar na possibilidade de ocorrência de
acidente, como a condição da estrutura.
Dentre as classificadas como alto risco, sete ainda
apresentam um Dano Potencial Associado (DPA) considerado alto, clasificação
esta que se refere ao dano causado em caso de acidente ou rompimento. O caso
mais grave é o da Represa Canteri, em Imbituva, na região Centro-Sul do Estado,
cujo nível de perigo da barragem é classificado como demandando atenção das
autoridades.
Fiscalização é o maior problema
O maior problema com relação às barragens no Paraná,
contudo, diz respeito à fiscalização. Das 450 barragens existentes no Estado,
apenas 79 (17,5% do total) receberam alguma inspeção desde 2015. A questão,
inclusive, foi citada expressamente pela ANA em seu relatório, com o órgão
apontando haver apenas quatro funcionários no Instituto de Águas do Paraná
atuando na fiscalização.
“Todas as pessoas que atuam nesta questão, além de possuírem
outras tarefas, estão quase se aposentando ou não fazem parte do quadro
funcional, sendo servidores de outros órgãos e estando temporariamente à
disposição do Águas Paraná”, escreve a ANA.A engenheira Mariana Alice Maranhão, do Departamento de
Fiscalização do Crea-PR, aponta algumas melhorias que seriam importantes para
se evitar acidentes e tragédias como as ocorridas em Mariana e Brumadinho.
A engenheira Mariana Alice Maranhão, do Departamento de
Fiscalização do Crea-PR, aponta algumas melhorias que seriam importantes para
se evitar acidentes e tragédias como as ocorridas em Mariana e Brumadinho.
“É preciso ampliar o banco de dados, não colocar só quais as
barragens (existentes), mas os profissionais responsáveis, e exigir relatório
visual, verificação com frequência maior, para que não ocorra nenhum tipo de
acidente”, aponta a especialista. “Claro, mesmo com laudo é possível acontecer
acidentes, mas a chance diminui muito”, ressalta.
Em quatro anos, houve pelo menos 56 ocorrências, uma delas
no Sul do PR
Nos últimos quatro anos com dados disponíveis (2014, 2015,
2016 e 2017), pelo menos 56 ocorrências envolvendo barragens (acidentes ou
incidentes) foram registrados em todo o país. Os dois episódios mais graves
ocoreram em Minas Gerais, nos municípios de Mariana (em 5 de novembro de 2015)
e Brumadinho (na última sexta-feira). No primeiro caso, foram 19 mortos e um
ferido. No segundo, já eram 65 mortos e 292 seguiam desaparecidas até esta
segunda-feira (28).
Dentre todas essas ocorrências, uma foi registrada no
Paraná. Foi na Barragem Fazenda Guavirova, em União da Vitória, no dia 24 de
agosto de 2016. Na ocasião, uma cheia provocou o rompimento da barragem,
ocasionando a morte de uma pessoa.
Simepar avaliará as unidades paranaenses
Nesta segunda-feira (28), o Governo do Estado anunciou que
fará um contrato de gestão com o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) para
avaliar a situação das barragens existentes no território paranaense. Em
paralelo, duas unidades que abrigam resíduos minerais, em Cerro Azul e Campo
Largo, serão vistoriadas nessa semana. Os trabalhos serão monitorados pela
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental e Turismo (SEDAT).
Enquanto isso, o Estado também auxilia Minas Gerais. Três
bombeiros altamente qualificados do Grupo de Operações de Socorro Tático (GOST)
foram mandado para Brumadinho na noite de domingo e atuarão como observadores,
fazendo o levantamento de informações, e auxiliarão na busca às vítimas, se
solicitado.
Barragens de Alto Risco no Paraná
Nome da Barragem Município
Represa Canteri Imbituva
Lago Favoretto Manoel Ribas
Barragem Costa São João do Ivaí
Represa Três Barras São Sebastião da Amoreira
Eugenio Carneiro Tibagi
Coronel Domingos Soares Coronel Domingos Soares
Barragem São Bento General Carneiro
Lago Paulo Gorski Cascavel
Cristo Rei Campo Mourão
Justus Inácio Martins
Usina e Fábrica de Papelão
Apucaraninha Londrina
FONTE PORTAL CANTU
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